sábado, 24 de outubro de 2009

Despedida!

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.

Cecília Meireles



"As Dores do Silêncio"

2 comentários:

Mauro S on 24 de outubro de 2009 às 19:35 disse...

O que há minha amiga, amor não correspondido?
Pena que os amigos não suprem, mas da minha forma, te amoooo, e quero te ver/ouvir sempre sorrindo, dando gargalhadas, me fazendo rir, trocando informações, sei que para você é pouco, precisa mais, mas você será feliz... o que escrever?
Beijos, e Deus a abençoe e proteja sempre, Mauro

Unknown on 24 de outubro de 2009 às 23:01 disse...

Lidíssimo texto, adoro Cecília Meireles, autora que soube como ninguém penetrar a alma humana.
Lindo o teu blog, estou te seguindo, beijos

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